Negro, gay, 25 anos, morador de Macapá-ap
norte do brasil, estudante de artes da universidade federal do Amapá (UNIFAP).
Dentre todas as minhas redes sociais
gosto e utilizo muito o facebook, twitter, instagram, Snapchat, periscope, you
tube, ok! Eu uso todas, mas essa depois de algumas semanas hoje tive um
daqueles delírios de lembrar de um evento que me marcou e que eu saberia que em
algum momento eu escreveria, pois bem aqui estou. Vagando pelas minhas redes
sociais fui pego por um compartilhamento de um de meus “amigos” no facebook na
qual é o motivo real dessa publicação, o compartilhamento falava sobre o primeiro
transexual a se formar na (UNB) e seu marcante discurso na hora de sua
formatura, assisti atentamente e totalmente orgulhoso pela pessoa em questão no
vídeo e suas palavras me tocaram de forma capaz de depois de algumas semanas
vir escrever sobre isso aqui.
É incrível como alguém pode ter o
dom de te fazer pensar em coisas que você vive as vezes diretamente as vezes
indiretamente de toda forma, me senti aquele rapaz em cada palavra que dizia,
mas de forma que eu mesmo me fizesse questionar o “por quê” de tantos fatos,
mas vamos direto ao ponto.
Eu me pergunto e pergunto aos
demais em conversas “por quê” sim por que? As pessoas não nos aceitam (gays) a
ponto de não nos respeitarmos e isso não vem somente entre gays e heteros vem
de um todo, por que as pessoas têm medo do que é diferente? Por que as pessoas
zombam de nossa cor? Por que as pessoas se incomodam como as pessoas se vestem?
Por que as pessoas se acham no direito de agredir verbalmente o gay só por que
ele “dá pinta”, por que nós gays fazemos o mesmo entre nós? Por que ter essa concorrência?
Por que ter categorias em cima categorias nos tornando cada vez mais pessoas de
subclasses e esquecendo que todos somos uma espécie só, não vou ser hipócrita e
dizer que sou diferente, posso hoje estar pensando nesses “por ques” mas hora
ou outra eu deslizo na costumeira reação de me recaio a ser igual a todo mundo,
mais é que aquele discurso me fez pensar em mudar de atitude em ser alguém que
seja talvez um pouco mais benevolente, e pensar melhor em uma sociedade como um
todo, mas sempre defendendo as minorias por que venho delas.
Em um trecho do discurso ele diz “ ainda aguardamos pelo o dia em que o
preto estará mais no rosto do que nas becas e as travestis estejam mais nas
escolas do que nas ruas, e se esse dia não chegar a gente toma, nada nos foi
dado, por que agora seria? Mais ainda vai chegar o dia que outros tantos como
eu estarão aqui e poderão dizer tudo nosso e nada deles”
Todo mundo tem seus princípios e
seus pré-conceitos, mas o que eu coloco aqui não é sobre as minorias, é sobre
um contexto geral do ser humano, por que nós fazemos isso com o outro? Ainda não
descobri o motivo e talvez eu nunca descubra e passe o resto da vida com essa
lacuna, mas hoje tenho certeza que tentarei ser manos juiz e júri e seja mais
aberto e livre sobre minhas atitudes e como mudar coisas que pra mim podem não ferir
o outro, mas que sempre irão me fazer ser questionador, e por mais difícil que
seja pra nossa sociedade entenda nossas diferenças, talvez não sejamos os
diferentes, talvez o outros que estejam acostumados a serem iguais, e dessa
forma eu possa viver bem com todos, acreditando fielmente que ainda
vai chegar o dia que outros tantos como eu estarão aqui e poderão dizer tudo
nosso e nada deles”
Eles que não nos toleram e não nos
respeitam não como gays, negros, índios, judeus, umbandistas, evangélicos, mas
sim como seres humanos.